Ambos os eventos científicos procuram refletir sobre o MODUS OPERANDI envolvidos no ofício dos historiadores da Arte, tanto no trato do fenómeno artístico, quanto das coleções de arte.
O momento de homenagem é também o momento de reflexão sobre o estado da História da Arte, em geral e da História das Coleções de Arte em Portugal e Brasil, em particular, na procura das respostas às questões: A História da Arte é importante hoje na sociedade? Como têm se desenvolvido as narrativas a partir das coleções de arte e o quanto interferem nas práticas e fundamentos da história da arte?
Em termos gerais, a História da Arte e a História das Coleções têm vindo a solidificar algumas linhas fundamentais de caracterização, tomando toda a arte da pré-história aos nossos dias:
1) a perspetiva pluridisciplinar de pesquisa em torno da obra de arte e do artista, das coleções e dos colecionadores, reunindo visões plurais e recorrendo a diversas disciplinas humanísticas e científicas, para a clarificação do problema artístico em apreço;
2) a perspetiva trans-contextual da arte, valorizando não apenas o tempo da encomenda e da produção - na sua vinculação temporal (iconográfica, ideológica, estilística, etc.) - mas também o seguimento da vida da obra, incluindo seus proprietários (coleções privadas e institucionais), nos seus momentos de glórias, de indiferenciação ou de silenciamento até ao presente;
3) a perspetiva cripto-artística, na qual o estudo artístico não se limita às existências, pois não podem ser esquecidas as obras de arte e coleções desaparecidas, mutiladas ou mesmo aquelas que não passaram da fase de conceção e projeto;
4) a perspetiva micro-artística, alargando o campo de análise e valorizando a produção dita de periferia ou de esfera regional, ou coleções "triviais";
5) a perspetiva dialética entre a vivência da obra de arte, individualmente ou em coleção, e a sua fragilidade matérica, a qual impõe ao historiador da arte o imperativo da salvaguarda, na ação coordenada de estudo, conservação, musealização e fruição;
A organização convida à
apresentação de propostas de comunicações relacionadas com os pontos enunciados, através do
envio de um resumo, no máximo de 300 palavras, acompanhado de um pequena nota biográfica do(s) autor(es), com cerca de 200 palavras,
até ao próximo dia 31 de março de 2022, para: Comissão de Organização do IX Colóquio Internacional Coleções de Arte em Portugal e Brasil nos Séculos XIX e XX - Modus Operandi (
artis@letras.ulisboa.pt).
Comissão Científica:
Raquel Henriques da Silva: Professora Catedrática, Departamento de História da Arte, Universidade Nova de Lisboa.
Sonia Gomes Pereira: Professora Catedrática, Escola das Artes, Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Gonçalo Vasconcelos e Sousa: Professor Catedrático, Escola das Artes, Universidade Católica Portuguesa.
José Alberto Ribeiro: Diretor do Palácio Nacional da Ajuda, Lisboa.
Paulo Knauss: Professor Catedrático, Departamento de História, Universidade Federal Fluminense.
Vítor Serrão: Professor Catedrático, ARTIS, Faculdade de Letras, Universidade de Lisboa.
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Imagem: Fernando Lemos. "Composição", 21 x 31 cm, técnica mista sobre papel, 1954, assinatura inf. dir.